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Livro dobrado
A5
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Vivemos num mundo em que a violência parece
algo intrínseco ao modo como a sociedade moderna se organiza e se
desenvolve.
Presente e evidente, mas também escondida e latente, nos mais diversos
sectores da vida social (família, escola e sociedade), a violência
pode-se expressar de maneiras diferentes e a variados níveis:
marginalização e opressão, conflitos militares e terrorismo, alterações
climáticas e degradação ambiental, desigualdade e pobreza, e agressão
interpessoal.
Qual o caminho a seguir para superar este problema omnipresente no
quotidiano contemporâneo? Responder à violência com violência? No
entanto, e ao contrário do que “o mundo” nos pretende fazer crer, a
violência gera sempre mais violência, como a história o tem demonstrado,
e tudo o que se obtém com essa atitude, como
alerta o Papa Francisco, é «desencadear represálias e espirais de
conflitos letais que beneficiam apenas a poucos “senhores da guerra”» e
não uma paz justa e sustentável.
É utópico pensar que o recurso à violência possa ajudar a resolver os
problemas que a humanidade enfrenta actualmente a nível global: «A
violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado», adverte o
Papa.
É, pois, premente enveredar por um caminho diferente, que a uma espiral
de violência e de destruição oponha uma espiral de reconciliação e de
vida. Esse caminho é o da não-violência ativa e criativa. Escolhê-lo e
seguir por ele, no dia-a-dia das nossas vidas, foi o desafio que nos
lançou o Papa Francisco na sua mensagem para a celebração do 50º Dia
Mundial da Paz, a 1 de Janeiro de 2017.
E porque este foi o caminho trilhado pelo próprio Jesus Cristo, para os
cristãos seguir por ele torna-se um imperativo: «Hoje, ser verdadeiro
discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de
não-violência».
Neste mesmo sentido, a convite do Conselho Pontifício Justiça e Paz, da
Pax Christi Internacional e de muitas outras organizações católicas
internacionais, 85 pessoas de todo o mundo, muitas das quais
provenientes de países que estiveram em guerra ou que lidavam com
violência grave há décadas, reuniram-se em Roma, de 11 a 13 Abril de
2016, para reflectir sobre “Não-violência e Paz Justa: Contributo
para a compreensão e compromisso católicos com a não-violência”.
Do documento final dessa conferência, “Um apelo à Igreja Católica a
com-prometer-se de novo com a centralidade da não-violência evangélica”,
foram retirados os textos para esta brochura que a Pax Christi Portugal,
como tem vindo a ser costume, preparou para o tempo de Advento, com
contributos para a sua celebração e vivência seja na paróquia, em
família ou em grupo, tendo como ideia central a temática da Paz.
Neste tempo litúrgico em que, em expectativa vigilante e laboriosa,
alimentada pela oração e pelo compromisso efectivo do amor feito
serviço, nos preparamos para acolher o Deus que vem ao nosso encontro
como «Menino inerme para vencer a soberba, a violência e a ambição de
posse do homem» dediquemo-nos activamente a promover um novo estilo de
vida que rejeite a violência em todas as suas formas e respeite a pessoa
humana e a nossa casa comum: Façamos da não-violência o nosso
estilo de vida!
16 págs. A5; Novembro 2017 - € 1.50
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